Bolha DEV
Tenho observado muitas pessoas que foram desligadas ou passaram por layoffs e estão procurando emprego há meses. Algumas já não têm mais nenhuma reserva financeira, outras pagam aluguel e mal conseguem se sustentar. Muitas vezes, só lhes resta ficar postando a chave PIX e explicando a situação difícil que estão vivendo.
Confesso que nunca vivi algo assim, mas isso me dá um certo medo… Afinal, pode acontecer com qualquer um. O mercado, infelizmente, é cruel.
Vejo muita gente tentando ajudar, compartilhando vagas e links (o temido Gupy), mas parece que, na prática, pouco efeito tem surtido. Fico pensando: será que existe alguma relação entre o fato de quem mais procura emprego e coloca o selo "Open to Work" no LinkedIn ter ainda mais dificuldade para conseguir uma vaga? Parece que cria, de forma involuntária, a percepção de que a pessoa está "desesperada" ou "sem capacidade", o que é injusto.
Gostaria de levantar uma discussão:
👉 Existem outras plataformas ou recursos realmente efetivos para quem é dev e está fora do mercado — que não sejam o LinkedIn? 👉 Como podemos, de fato, ajudar essas pessoas além de compartilhar links que muitas vezes nem chegam até elas? 👉 Será que o "Open to Work" ajuda ou atrapalha?
Deixo aqui essas reflexões, pois o medo de um dia estar nessa situação é real. O mercado mudou, e precisamos debater soluções concretas.
Meus 2 cents,
Sim, eh bem complicado ver pessoas passando por esta situacao, por questoes pessoais me sinto especialmente sensibilizado.
Nao existe formula magica - ja vi DEV mais experiente dizer que "basta ser bom, conhecer os fundamentos e vaga nao falta", e nao eh bem assim.
No outro espectro, ja vi DEV dizer que conhecer SOLID e design patterns nao importa - acho isso bastante complicado, principalmente para trabalhar em equipes grandes e ja estabelecidas: se num briefing sobre sistema voce nao conhecer o jargao que esta sendo utilizado, como fica ?
Tem a questao da chamada inteligencia emocional, hoje relatadas como "soft skills".
Tem a questao da idade - certas empresas olham meio torno DEV a partir dos 40-45 anos (por que o cara nao virou tech lead ainda ? qual o defeito dele ?)
Tem a questao da stack - qual stack devo utilizar ? Sou front, back ou full ?
Tem a questao do perfil da empresa onde trabalhar. Vejo alguns postando que desejam trabalhar em empresa de software como DEV raiz - e nao vejo como algo tao positivo assim. Ja trabalhei em fabrica de software e empresas de outros ramos que tem depto de TI - sei que trabalhar em empresa "normal" parece que vai ficar "defasado", mas na pratica nao eh tao objetivo assim.
Enfim, a quantidade de variaveis eh muito grande - nao sei exatamente quais tem de ser ativadas para tudo dar certo.
Mas mantenho uma ideia de alguns pontos que podem ajudar:
-
Ingles, de preferencia B2/C1: isso abre portas, seja no brasil ou na gringa. Com tantas opcoes de aprendizado e treino (como cambly e IA) nao vejo como deixar isso de fora.
-
Conhecimento basico de infra-estrutura: saber como funciona o IPv4, IPv6, DNS, gateways, roteadores, firewall - me parece o basico do basico para um DEV. Ja vi casos onde DEV ditos "plenos" nao entendiam porque o software instalado no servidor nao estava respondendo ao "localhost" na maquina deles. Saber o que esta acontecendo e fazer um diagnostico basico eh bem util. Nao eh para ser um analista de infra-estrutura ou um DevOps, mas entender pelo como a rede funciona.
-
Virtualizacao: saber como funciona uma virtualizacao, VirtualBox, VMWare, docker - tambem se tornaram arroz-com-feijao no dia-a-dia. Saber como funcionar um Proxmox tambem ajuda. Conseguir instalar um EVE-NG/PNETLAB seria um diferencial legal para criar laboratorios e testar seus deploys sem precisar de servidor externo.
-
CI/CD: Conhecer os padroes para um bom CI/CD e git eh tambem basico hoje em dia
-
Python e IA: Nao sobre sobre vibe-coding - eh sobre saber como funciona uma IA, conseguir criar um script basico com langchain e chamar um modelo. Conhecer o basico de python e um pouco de flask (para criar API simples que possam ser chamadas de programas em react/java/php/etc) seria um diferencial interessante. Esses dias postaram um exemplo de integracao de php/laravel com um chat de IA - coisa basica, mas que da uma cara de "avancado/superlativo" a qualquer sistema ou app.
https://www.tabnews.com.br/vedovelli/solucoes-de-ia-com-laravel
-
Faculdade e pos-graduacao: Para trabalhos no Brasil, ter faculdade e uma pos te poe na frente de outros concorrentes na disputa da vaga. Se o recrutador recebe 100 CVs, a pos te coloca na frente. Durante a entrevista eh outro papo, mas o negocio eh chegar pelo menos na entrevista. Tem pos EAD em uni-esquina por R$ 200 mensais com certificado em 4 meses.
-
Existe um ditado: "É melhor que você fique calado e te achem burro do que abrir a boca dar certezas." - vejo gente publicando ate mesmo aqui no TABNEWS com uma qualidade chinfrim, mediocre mesmo, abusando de IA, as vezes com erros absurdos (a pessoa nem se deu o trabalho de revisar). Se faz isso em publico - imagina no privado ?
Eu passei um pouco por essa dificuldade de achar emprego também quando saí do meu ultimo trabalho, fiquei uns 5 meses me inscrevendo em vagas diariamente e a maioria não tinha nem resposta. Para mim isso é causado por varios fatores, um deles é a alta oferta de mão de obra sim, principalmente nas "empresonas" que a gente tende a procurar mais. Vagas remotas então nem se fala.
Acho que a forma para contornar isso é buscar empresas menores que estão longe do holofotes, foi assim que consegui emprego depois de tanto tempo. Pode nem sempre ser a melhor opção, mas é sempre melhor do que ficar desempregado.
Outra coisa é estudar ingles, todo mundo ja fala é até obvio, mas curiosamente em todos meses que eu estive desempregado o unico feedback que recebi para iniciar um processo seletivo foi de uma vaga internacional e recentemente andei fazendo VARIAS inscrições para tentar mudar de emprego e aconteceu a mesma coisa. Para quem tem condições pode ser uma boa saída.
Para fugir um pouco do linkedin ou do gupy ultimamente eu andei procurando algumas vagas pelo google mesmo filtrando os sites do resultado. Buscar por exemplo "Android site:inhire.app" vai aparecer vagas android de diversas empresas que publicam no inhire, ali as vezes tem respostas melhores do que o gupy.
Esta realmente complicado amigo, eu mesmo estou desesperado tem 3 meses atras de trabalho. Ate pedi ajuda aqui na comunidade e muita gente ajudou comprando um produto meu simbolo apenas para que eu pudesse pagar o meu aluguel.
O mercado esta cada vez mais cruel e complicado, sinceramente eu ja nao sei mais o que fazer! Talvez empreender seja uma alternativa para todo esse caos do mercado.
Alem disso tudo, nao podemos parar de estudar, se vc parar por 1 mes ja fica obsoleto, eu ja estou beirando os 40 e realmente nao tenho mais o pique de antes... Hj TI me parece um pouco banalizada e saturada, nao sei eh a sensacao que eu tenho...
Cara eu vi o seu post e sou meio suspeito para falar sobre porque ainda nem tive uma experiência profissional, já fazem 2 pra 3 anos que estou estudando e o que eu escuto muito das pessoas é que muitas vagas foram conquistadas pela famosa indicação né, networking hoje em dia é muito importante e também em site mais específicos para vagas sobre programação, tipo programathor entre outros.
Do meu ponto de vista a melhor solução no curto prazo para quem não quer "passar fome" são os freelas e trabalho autonomo, acho que sempre vai ter algum negócio local precisando de uma automoção ou sistema simples.
Gostei muito da sua reflexão ;)
Vou falar o que ninguém tá dizendo porque ainda tem medo de se queimar, mas precisamos dizer CHEGA!
Sou dev há 20 anos. Já fui empregado, gerente, líder, arquiteto. Já comandei time, já fui descartado, já vi colega brilhante pedir doação no Pix. Já vi dev pleno sendo tratado como estagiário porque passou dos 40. Já vi empresa falando de “cultura ágil” enquanto planta metas de opressão por sprint.
A real? Essa merda toda é uma farsa.
O mercado não te quer livre, quer você obediente. Não quer dev pensante, quer codificador silencioso. E pior: quer você com medo.
Eu cansei.
Escrevi meu próprio livro como ato de ruptura. Não pra vender curso. Mas pra dizer: não vou mais ser engrenagem de um sistema que me suga até não sobrar nada.
Tentei expor isso? – LinkedIn travou minha conta e pediu selfie com documento. – Reddit deletou post sem explicação. – X bloqueia conta sem aviso se você disser a palavra errada.
Isso não é rede social. Isso é contenção de narrativa.
E mesmo assim, a maioria ainda vive esperando a próxima “oportunidade” — como se virar recurso de uma corporação fosse vitória.
Nós escrevemos o código. Nós criamos as máquinas. Sem a gente, tudo para. Mas a gente vive com medo de cobrar, de se unir, de sair da bolha.
Tá tudo errado.
Eu não tô esperando mais vaga. Tô construindo minha saída. Me libertando de verdade. Projeto próprio. Voz própria. Rede própria.
Se isso te incomoda, ótimo. Talvez ainda tenha algo em você que não morreu.
A pergunta é: Você vai seguir mendigando validação de um sistema que te odeia ou vai virar a porra da mesa?
Quanto ao selo 'Open to Work' realmente ele pode passar essa impressão de 'Desespero' e 'Incapacidade' como você bem descreve. De fato é injusto pois esse nunca foi o objetivo do mesmo.
Mas também vale comentar que recrutadores e empresas não enxergam assim (talvez a minoria, mas existe). Porque o outro ponto de vista também é válido: "Por que esta pessoa (em um cenário de pouco tempo de empresa) está se candidatando?"
Ambos os pontos de vista na minha opinião, pegam mal.