Atenção é tudo o que você precisa
A Economia da Atenção é como aquele superpoder que não pedimos, mas do qual não conseguimos viver sem, moldando praticamente tudo no mundo da tecnologia atualmente. E a IA? É como a assistente pessoal da Atenção, sempre descobrindo para onde nosso foco deve ir em seguida. Desde o surgimento da internet (música dramática), estamos nos afogando em dados, produzindo mais informações em um dia do que fizemos em toda a história da humanidade (até certo ponto, claro). Mas aqui está o ponto principal: todos esses dados são inúteis sem atenção — e a IA sabe disso melhor do que ninguém. Se você não é visto, não é lembrado. E no mundo de hoje, a atenção é a moeda que define o sucesso ou o fracasso de empresas e pessoas.
Pegue os modelos de IA, como os transformers (não, não os robôs legais), que alimentam as ferramentas de linguagem mais avançadas de hoje. Eles são projetados para focar no que mais importa, filtrando o ruído e nos entregando as informações mais relevantes. De certa forma, eles estão apenas espelhando a vida real: tudo gira em torno de capturar a atenção e segurá-la com todas as forças.
E sejamos honestos, quando se trata de sucesso na tecnologia, não é o produto mais inteligente ou inovador que vence — é o que consegue prender as pessoas. Imagine que para cada aplicativo de sucesso, existam cerca de cem outros tecnicamente melhores (mas não tão visualmente atraentes); adivinhe quem dominará o mercado? Aqueles que conseguem monopolizar seu tempo de tela. É como correr uma corrida, mas em vez de velocidade, o que conta é quem consegue balançar o objeto mais brilhante e chamativo na sua frente.
Ah, e sobre essa “cultura visual” que todos nós amamos? Pois é, se o seu produto não parece que pertence à capa da Vogue, ele está praticamente condenado. As pessoas querem beleza, e os designers de UI/UX sabem disso. Coloque algumas imagens brilhantes de carros de luxo, estilos de vida glamourosos ou, melhor ainda, abdômens tanquinho, e pronto — engajamento instantâneo. Os aplicativos que acertam nisso são os que conquistam corações (e carteiras).
A IA está turbinando essa tendência. Agora, qualquer pessoa pode criar quantidades infinitas de conteúdo na velocidade da luz. Então, qual é o problema? O recurso escasso não são mais ideias ou dados — é a nossa atenção. As empresas sabem disso, e estão numa corrida frenética para tornar suas interfaces mais imersivas, mais viciantes. Esqueça a funcionalidade ou o pensamento profundo. Hoje em dia, uma interface visual envolvente e uma experiência suave esmagam até o produto mais inteligente.
Num mundo onde todos são criadores (obrigado, IA), os vencedores não são aqueles com as melhores ideias, mas os que dominam a arte de fazer as pessoas grudarem nos seus dispositivos. Empregos que antes eram vistos como “intelectuais” ou “criativos” agora estão sendo automatizados, e o verdadeiro valor vem de quem sabe desenhar narrativas visuais cativantes que fazem você clicar.
Mas aqui vem o giro: toda essa criação infinita de conteúdo está causando um impacto real no planeta. A IA precisa de uma imensa capacidade de computação, o que significa mais energia, mais recursos e mais danos ambientais. É um caso clássico de “Estamos avançando! Ah, espera, também estamos destruindo a Terra no processo.”
Assim como a corrida pela atenção, a corrida pelos recursos está se acelerando, e não parece promissora para a Mãe Natureza.
Você pensaria que com toda essa magia tecnológica, estaríamos salvando o planeta, não acelerando sua destruição. Os centros de dados estão consumindo energia, os metais raros estão sendo extraídos mais rápido do que você pode dizer “renovável”, e estamos enfrentando uma crise climática enquanto brincamos com nossos gadgets reluzentes. Se não descobrirmos uma maneira de tornar todo esse crescimento sustentável, vamos sofrer as consequências.
É como em 2001: Uma Odisséia no Espaço — tecnologia brilhante, humanidade à beira da grandeza, e então BAM, tudo desmorona porque nos empolgamos demais. E se não mudarmos de rumo, vamos dar adeus a mais do que apenas nossos sinais de Wi-Fi — pense em ecossistemas inteiros.
Com os recursos se esgotando, os países podem começar a entrar em guerra por eles. Sim, você ouviu direito: não lutando por petróleo, mas por ar limpo e água potável. E nenhuma quantidade de inovação vai consertar isso se os sistemas naturais que nos mantêm vivos começarem a colapsar. Estamos presos num paradoxo clássico: produção ilimitada num mundo de recursos limitados. Oops.
Moral da história? Se a atenção é o novo ouro, é melhor começarmos a prestar atenção no que realmente importa. Claro, aplicativos chamativos e interfaces imersivas são divertidos, mas se não começarmos a projetar com o planeta em mente, podemos acabar sendo os protagonistas do pior filme de desastre de ficção científica de todos os tempos. E este não terá um final feliz, a menos que façamos algumas mudanças reais.
Para saber mais sobre o tema:
Microsoft (dona da OpenAI) e Energia Nuclear
AMD e Linguagem de programação mais energeticamente limpa
Eai, o que você acha desse tema? Fique a vontade pra comentar.
Acho que o TabNews é um espaço diferente de tudo na internet, de fato, e que apesar de também entrar na lógica da economia da atenção, faz isso de uma forma muito transparente, diferente da imensa maioria de sites.
Obs.: Esse texto foi feito com grande ajuda de uma LLM (😱🤪☠️).
Gostei da metáfora entre a atenção como técnica de treinamento de redes neurais e atenção de usuário em plataformas para anúncios, maaas.. tá apocaliptico demais, o mundo como todo ainda tem muitos problemas piores (extrema pobreza, saneamento básico, educação decente...) do que IA, fora isso, bom texto.
Sobre pensarmos que estamos salvando o planeta enquanto estamos piorando as coisas no contexto ambiental, me recordo das histórias sobre a introdução dos automóveis nas cidades brasileiras. Inicialmente um dos maiores argumentos a favor do automóvel era justamente a substituição da sujeira que os cavalos deixam nas ruas (imagine uma cominhada depois de uma chuva fina em meio a toneladas de cocô de cavalo), por esse novo meio de locomoção que não deixava nenhuma sujeira. Décadas depois descobrimos que não era bem assim... Ops!
Ah, só um comentário sobre o estilo da narrativa que pode levar a interpretações erradas: não acho uma boa escolha frases como "a IA sabe disso melhor do que ninguém", pois podem levar a uma compreensão de que um modelo de processamento de dados "sabe" alguma coisa no mesmo sentido que os humanos (ou outros animais) "sabem" de algo, e não há nada em absoluto que indique isso atualmente.
No mais, uma boa reflexão.
Excelente reflexão. O Yuval Noah Harari lançou um novo livro chamado Nexus esse ano que dialoga com vários dos pontos que você levantou, provavelmente você irá curtir.
Esqueça a funcionalidade ou o pensamento profundo. Hoje em dia, uma interface visual envolvente e uma experiência suave esmagam até o produto mais inteligente.
Concordo e acho particularmente triste este ponto.
Baita abordagem ao tema. Espetacular.