Ah, “se esforça que dá”! Sempre aparece alguém puxando a carta da meritocracia quântica, como se o problema fosse falta de vontade, e não o fato de que, até hoje, nem os papers se entendem direito sobre qual problema prático a CQ resolve melhor de fato.

Não, meu caro. O que estou dizendo é que enfeitar a vitrine da computação quântica com promessa de acessibilidade antes de arrumar a bagunça do estoque é, no mínimo, prematuro. Achar que é só “quebrar a cabeça com matemática” é como dizer que qualquer um pode ser neurocirurgião se tentar forte o bastante. Força de vontade é ótima, mas ela não reescreve o Hamiltoniano.

E se depender do "dev médio" se interessar pelo tema antes mesmo de saber a diferença entre um ponteiro e uma referência, então podemos fechar o curso e abrir um parque temático logo: Schrödingerland, onde o visitante ao mesmo tempo entende e não entende o que é decoerência.

Mas obrigado pela sugestão. Entre ajudar alguém a “estudar CQ” via LinkedIn e seguir expondo o fetiche por hype mal compreendido, fico com a segunda opção. Pelo menos ela não finge que está construindo o futuro enquanto roda Hello World no simulador da IBM.

Qualquer coisa, te encontro na próxima call quântica, aquela onde você simultaneamente entende tudo e absolutamente nada.

Kledenai, você escreve bem e levanta pontos válidos sobre o estado atual da computação quântica. Mas talvez o problema não seja tornar o tema “palatável”, e sim evitar que ele continue elitizado. Toda revolução tecnológica começa com gente dizendo que não dá. Até que dá. O que você chama de "vitrine enfeitada" é, pra mim, uma ponte. E enquanto alguns preferem manter a ponte fechada até que tudo esteja “pronto”, eu prefiro ir construindo degrau por degrau com quem quiser caminhar. No fim das contas, a única coisa mais poderosa que uma teoria sólida é uma comunidade curiosa. E é isso que estou tentando formar.

Entendo seu ponto, e concordo que abrir caminhos é importante. Mas abrir caminho não é o mesmo que pavimentar ilusão. O que critiquei não foi o incentivo à curiosidade, mas o discurso que pinta complexidade como acessível antes de ser compreensível, o que, no fim, mais confunde do que educa. Construir pontes é nobre, desde que elas levem a algum lugar. Se viram passarela de vaidade ou palco de hype descolado da realidade técnica, viram armadilhas conceituais. E o problema da elitização não se resolve com acessibilidade fantasiosa, mas com educação sólida. Curiosidade move o mundo, sim. Mas sem precisão, ela vira só barulho.