Você acha que venceu?
Você trabalha remoto, ganha em dólar, tem um cargo com nome bonito e acha que isso é liberdade. Mas a verdade é simples: você só trocou de cela. Antes era a baia no escritório, agora é o home office com câmera ligada e Slack apitando o dia todo. Você chama isso de escolha, mas é só mais uma forma de controle disfarçada de autonomia.
Seu salário sobe, mas o custo de tudo sobe mais. Aluguel, seguro, comida. Você continua sem tempo, sem paz, sem direção. Pula de call em call, de sprint em sprint, sempre com a sensação de que está ficando pra trás. E quando tenta parar, sente culpa. Quando descansa, pensa em produtividade. Você foi domesticado.
Comprou Bitcoin achando que era rebeldia, mas mantém tudo em corretora KYC. O Estado sabe quanto você tem, onde você comprou, quando você vendeu. Você digitalizou sua coleira e ainda chamou isso de liberdade.
A real é que você continua correndo. Só que agora o labirinto tem LED, Wi-Fi e login por SSO. Você está sendo drenado — atenção, energia, tempo, sanidade — e ainda agradece por isso.
Não é sobre ganhar mais. É sobre perceber que, mesmo ganhando bem, você continua preso. E o mais triste: continua obedecendo.
Se isso te incomodou, talvez ainda exista algo acordado aí dentro. Se não sentiu nada, o sistema já venceu.
O texto completo tá aqui: 👉 https://ghostinit.dev/post/somos-todos-ratos-atras-do-queijo-digital
Reflexões necessárias! Acabamos nos alienando de nós mesmos.
Nessa temática, recomendo o livro "A Sociedade do Cansaço" (uma breve resenha aqui).
iria além: "empreender" é a nova corrida dos ratos. Se vc não sabe o que é a corrida dos ratos vá ler pai rico, pai pobre AGORA!
São provocações fortes e não da pra dizer que estão totalmente erradas, tudo isso desgasta, mas dizer que trocar o presencial por home office é trocar de cela é um pouco demais (pra mim), e algumas nuances importantes acabam sendo ignoradas. A liberdade absoluta não existe, nem mesmo no meio do mato fora do sistema.
Vivemos em sociedade, com serviços, infraestrutura segurança, saúde, energia, internet e tal (mesmo que porcamente alguns desses serviços sejam escassos), tudo isso tem um custo, inclusive o de abrir mão da sua privacidade e da autonomia total. A mesma tecnologia que nos vigia, nos conecta, tem lá seus beneficios é uma troca e como toda troca há os prós e contras.
Agora dizer que o "sistema venceu" porque estamos inseridos nele é uma meia verdade, eu acho. Eu sei o sistema nos limita e vigia e tal, mas também há escolhas, acredito que não estamos todos 100% presos, acho que boa parte até tenta equilibrar esse conforto com propósito, sobrevivencia e liberdade num cenário complexo, e isso não é ser controlado, é ser humano.
Eu acho tão dificil falar dessa rebeldia com o sistema olhando de fora, porque a maioria das pessoas não têm sequer opção de largar tudo e desaparecer, a gente trabalha porque precisamos, a gente escolhe o que da pra escolher e mesmo essas pequenas escolhas são formas de autonomia, dentro do limite do sistema né.
E SIM, tudo isso me incomoda pra caramba, a ideia de que vivemos um eterno labirinto me da crise existencial as vezes, mas ao contrário do que o texto sugere, o incomodo não é uma prova que estou só acordado, é uma prova que sou consciente disso, e consciencia não é o oposto de conformidade, e é isso que me permite seguir vivendo e fazendo o melhor que posso, com o que eu tenho.
No fim das contas, talvez o sistema tenha vencido até quem escreveu esse texto que provavelmente digitou de um teclado mecanico, concectado a uma internet rastreável em um app moderado por algum algoritmo que ele mesmo critica, é irônico, mas é a prova de que resistir não é romper com tudo, as veze é apenas viver com lucidez dentro do possível.
Qual seria a saída desse labirinto então?
Não existe linha de chegada na vida amigo, que a partir dali tu "venceu" e só vai curtir, até se ganhar na megasena vai ter que se empenhar em manter esse patrimônio contra inflação e impostos. E ninguém tem 100% de liberdade, ir no mercado comprar meia duzia de coisas é comum pra eu e você, até chato se for corriqueiro, mas pra alguém famoso é impossível, Michael Jackson fechou um mercado uma vez pra fazer compras como um cidadão comum.