Por quê pessoas medianas são os melhores professores?
Por quê pessoas medianas são os melhores professores?
Estava refletindo sobre as pessoas e tutores que já passaram na minha vida, principalmente professores extremamente hábeis e capacitados que, de forma impressionante, não conseguiam repassar o que eles sabiam. Acabei chegando a constatação, muitos anos depois, que os melhores professores são oriundos de pessoas MEDIANAS e não "gênios."
Os professores extremamente inteligentes e analíticos que aprendem tudo com facilidade são, quase sempre, incapazes de terem uma boa didática, pois na cabeça deles nunca vai entrar o conceito e a dor do que é ter dificuldade em alguma área e a luta necessária para sobrepujá-la. E por ignorância nesse aspecto, professores "gênios" não tem paciência em ensinar nada para pessoas diferentes deles.
Entretanto, pessoas medianas, que dominam a área com base no seu esforço se tornam os melhores professores em termos didáticos. Exatamente porque, nesse processo, essa pessoa aprendeu e desenvolveu diversas técnicas e truques mentais que são exatamente focados e úteis para àqueles que tem dificuldades semelhantes, assim como eles. Logo, ela vai além do entender e passa ao SENTIR.
Pessoas medianas que se tornam muito boas em algo e "masterizam" alguma matéria são, também, quase sempre os melhores em ensiná-la.
Professores gênios e super analíticos (alguns extremamente egocêntricos) podem ser os melhores em pesquisas científicas, em realizar descobertas, em escrever artigos científicos... mas estão longe, muito longe, de serem os melhores para ensinar alguém. Apenas uma "fatia" de pessoas (tão gênias quanto ele) são capazes de entendê-lo plenamente sem que ele esgote a sua - pouca - reserva de paciência.
Por isso, não é surpresa alguma, professores com um ou dois doutorados não serem capazes de repassar o que eles tem de melhor, pois lhes falta o "feeling the pain of learning." - o sentimento da dor de aprender.
Eles são bons demais para entender a cabeça de uma pessoa "mediana". E isso não é um problema, na verdade isso é um EQUILÍBRIO, tal constatação apenas mostra que pessoas comuns tem o seu lugar e seus privilégios, (os gênios descobrem, a gente ensina rs) a boa didática de uma pessoa mediana é um benefício que vem como uma dádiva do seu esforço e tudo que ela aprendeu nesse processo de se auto ensinar.
O argumento tem seu sentido, mas isso é baseado em alguma coisa ou puro achismo?
Quando falamos de pessoas e suas habilidades, as variáveis são muito grandes para apenas generalizarmos qualquer coisa. Outro ponto que acho interessante pensar nessa filosofia é justamente que, quanto mais "acima" estamos de um conhecimento, mais difícil é voltar para a base da educação. Por exemplo, ensinar uma criança a ler e escrever, ou fazer contas básicas de matemática, pode ser um desafio e tanto, independentemente se você é um gênio da área ou um cara que passou colando em todas as provas.
Depende, o que é exatamente uma pessoa mediana? É alguém que não é nem muito bom nem muito ruim em tudo?
Difícil encontrar alguém exatamente assim (ou eu que vivo numa bolha bizarra?) As pessoas em geral são boas em algumas coisas, ruins em outras e "na média" em outras.
Se a pessoa for realmente mediana em tudo, então no máximo será um professor mediano também.
No caso de professores, precisamos definir as características que separam os bons dos ruins. Só pra não complicar demais, vamos considerar duas que foram citadas: o conhecimento e a didática.
Se a pessoa não tem nenhum dos dois, nem deveria ser professor, então vamos desconsiderar esses casos.
Se ambos são médios, então é um professor mediano (sabe alguma coisa e explica mais ou menos).
Se o conhecimento é médio e a didática é boa, já está um pouco acima da média (e aí eu não acho que é uma "pessoa mediana"), pois pelo menos alguma coisa vai conseguir ensinar bem. Ele não vai conseguir aprofundar tanto, mas dependendo do caso pode não ser necessário.
Se o conhecimento é acima da média mas a didática não, talvez seja ruim. Mas talvez seja um pouco acima da média, depende de outros fatores. Já tive um professor gênio que tinha plena consciência de que não conseguia "descer pro nosso nível" (sem conotação negativa, ele realmente estava muitos níveis de compreensão acima do nosso). Mas ele compensava isso explicando várias vezes de maneiras diferentes, se dispondo a tirar dúvidas fora do horário da aula (tanto presencial quanto por email), etc. Ou seja, no fim acabou sendo um ótimo professor, pois mesmo sendo difícil, no fim consegui aprender muito (bem mais do que se fosse alguém com conhecimento mediano - foi aí que percebi que saber algo a mais pode fazer diferença e até compensar a didática não tão boa).
E tem os raros casos - pelo menos que eu conheci - que tem muito conhecimento e didática excelente. Esses foram os melhores professores que tive, mas de fato são exceção.
Pessoas medianas que se tornam muito boas em algo e "masterizam" alguma matéria são, também, quase sempre os melhores em ensiná-la.
Se a pessoa se tornou muito boa (ou até mesmo um "mestre") em alguma coisa, então ela deixou de ser mediana nessa coisa. Ou vc ainda considera que é uma "pessoa mediana"?
Concordo plenamente com você. Na época da facultade tive 3 professores que manjava demais das coisas, porém a turma toda não entendia um 'A' que era dito. Ele explicava, indicava leitura, mostrava funcionando etc, porém quando os alunos ia com alguma duvida ele não conseguia entender a duvida. Talvez era algo tão simples na cabeça dele que a duvida não fazia sentido.
Eu acredito que as pessoa que são boas em ensinar são boas porque praticaram ensinar. Eu me dedico muito em aprender novas tecnologias e ainda tenho um certa facilidade e não passo muito tempo pensando em como repassar meus conhecimento e tenho até dificuldade quando faço isso.