Falta de redundância: SEFAZ-RS deixa NF-e fora do ar em vários estados

No meio do desastre natural que está vivendo o Rio Grande do Sul, o datacenter que abriga os serviços do estado foi desligado para auto-proteção.

Isso não deveria ser um problema né? Redundância geográfica é algo fácil de fazer. Parece que não no âmbito dos serviços publicos.

Essa falta do serviço do RS está deixando a emissão, consulta e manifestação de NF-e no país todo com indisponibilidade, e está causando diversos transtornos as empresas.

Não é um absurdo um serviço tão essencial ser tão arcaico?

Em termos de infraestrutura tecnologica, boa parte dos serviços públicos está entre 10 ou 20 anos de atraso em relação ao mercado. E isso acontece desde a menor prefeitura até o governo federal, entrando e saindo governantes dos mais diversos alinhamentos políticos.

É claro que isso não acontece apenas no Brasil, mas aqui temos um histórico de má gestão impressionante, focado em mais discurso e menos ação (independente do partido político ou ideologia). Justamente porque nós brasileiros damos mais atenção e engajamento ao discurso do que a prática.

Nosso povo tem mais critério em escolher a próxima série para assistir no streaming do que para escolher os próximos senadores, deputados e vereadores. E a escolha para os cargos legislativos deveriam ser muito mais importantes do que a escolha dos cargos executivos, mas são poucas as pessoas que realmente dão atenção a isso, quantos pessoas você conhece que sabem em quem votarão para vereador na eleição passada?

Essa falta de "atenção" do povo brasileiro tem consequência, como corrupção inacreditável e atraso para todo lado (tecnologia, segurança, saúde, educação....).

Se o estado não se preparou com infraestrutura básica como água você acha que se preocupariam com sistemas de tecnologia?

Redundância geográfica é algo fácil de fazer.

Se é algo tão fácil de se fazer porque o slack precisou criar uma VPN própria para resolver o problema de datacenters em multiplas regiões?

Redundância geográfica é fácil de fazer quando tem uma escala baixa OU equipe técnica extremamente qualificada OU em sistemas relativamente novos que foram pensados para serem redundantes.

Agora no contexto de sistema legado? Ainda mais sistema público que se liga com outros sistemas públicos? Nada é fácil de se fazer.

De fato, o sistema legado cria bastante limitações, concordo com você.
Quando digo que é fácil, é fácil para o governo que tem recursos "virtualmente ilimitados" quando se trata de ARRECADAR. Certamente há desafios técnicos. Além disso a nota fiscal eletrônica não é algo tão legado assim, pois é um serviço que começou a ser utilizado por volta de 2010, e sofreu diversas melhorias ao longo dos anos.
Nenhum governo te "recursos virtualmente ilimitados". Até para arrecadar existe limites. E também não dá pra sair por aí imprimindo dinheiro ou vendendo títulos públicos. Não é assim que funciona, nem a nível federal, ou estadual, e muito menos, a nível municipal. Em se tratando de setor público, a única coisa que é "virtualmente ilimitada" é a NECESSIDADE por recursos. Muito resumidamente: 1. falta interesse e capacidade de entender a importância desse tipo de coisa por parte da classe política (seja dos cargos eletivos, seja dos gestores que sempre são nomeados politicamente); 2. tecnologia não é prioridade, na maioria dos casos; 3. defasagem tecnológia em função do próprio pessoal e em função de que a área tecnológica em geral não é vista como prioritária. Quem vos fala isso é um pobre servidor público e envolvido com a área tde tecnologia desde o ano de 2000.

Sou da Bahia e trabalho em um supermercado, aqui o sistema não ficou totalmente indisponível, porém sofremos bastante com latência, a emissão de cupons fiscais nos caixas estavam demorando bastante para serem impressos. Quando entramos em contato com o suporte, nós informaram que o problema estava relacionado aos servidores estarem concentrados no Rio Grande do Sul.

No Ceará e São Paulo é usado o MFe/SAT que faz papel de "buffer" entre o PDV e a Sefaz, permitindo emissão de cupons offline. Então a emissão de cupons não deu problema. O problema é que não consegue-se dar entrada nas notas fiscais corretamente, então o sistema fica sem controle de estoque se você não quiser parar a operação. A Nestle por exemplo parou as vendas aqui no Ceará pelo menos até que seja normalizado.

Não fica claro se estão preparados para tais eventualidades e convenhamos, não foi qualquer calamidade. A questão que fica é, tem como uma estrutura de serviços tão importante estar preparados para respostas rápidas? Sim, o Estado é bem atrasado em todas as suas esferas, com exceções que nem sempre são conhecidas. Alguém pode falar dessa parte que seja da Sefaz?

não é tão facil assim fazer redundância geográfica.

não importa se o governo tem recursos virtualmente ilimitados.. ainda sim, será um desafio enorme criar algo assim, dado a escala com que se está trabalhando.

ter recursos ilimitados nao é "passe livre" para fazer qualquer coisa que quiser.

dito isso: da onde veio a idéia que redundância geográfica é facil de fazer?

Como assim? Cloud não está aí para resolver esse problema? Empresas privadas como Mercado Livre tem serviços rodando em multi região e muilt cloud. O que impede o governo de ter serviços decentes também? Interesse. Nada além disso.
O governo trabalha com ambientes on-premises, talvez isso seja uma limitação de região, escala, etc.... Maaaaaaaas, as clouds possuem ambientes para governamentais e talvez essa combinação entre on-premise e cloud privada seria bem útil nesses casos de calamidade extrema.
o sistema de NF do governo trabalha com uma escala maior. entao a mesma solução pode não funcionar... mas falta interesse mesmo.
O sistema de NF-e pode até ter uma escala grande, mas há serviços na web com escala muito maior. Além disso, qual a grande complexidade da emissão de notas? Um monte de regras de validação, armazenamento desses dados e consulta, além de distribuir para os órgãos responsaveis. Não sei não, me cheia a incompetência e falta de interesse em tornar melhor.