Fiz o que todo dev solo faz (e me arrependi).
No início do ano, eu tive uma ideia de produto digital simples e direto, voltado para um nicho que eu conhecia bem.
Comecei a construir sozinho. Front, estrutura, fluxos… fui pegando tração. Até que um amigo viu o projeto e me chamou:
"Cara, deixa eu participar disso com você. Tá massa. Vamos juntos."
Ele era desenvolvedor. Animado. Tinha tempo. Eu pensei:
“Perfeito. Eu foco no front e começo a cuidar da parte comercial do produto, pra já atrair clientes beta, enquanto ele cuida do backend.”
Dividimos a sociedade. Refizemos o escopo. Recomeçamos juntos.
E no começo, parecia estar funcionando.
Nas primeiras semanas, ele realmente codou. Estava engajado. Subia commits. Mandava ideias. Eu pensei: “Agora vai.”
Mas então começou a esfriar.
As entregas diminuíram. As mensagens começaram a demorar pra ser respondidas. Eu cobrava, perguntava como estavam as tarefas, mandava prints, detalhes técnicos, tentava manter o ritmo. Mas só vinha desculpa: "Tive um dia cheio", "Essa semana foi complicada", "Tô resolvendo umas coisas aqui". Passou uma semana. Duas. Três.
Até que veio um mês inteiro sem um único commit. Nada entregue. Nenhuma call puxada. Nenhuma iniciativa.
Enquanto isso, o prazo inicial pro mvp (3 semanas) já tinha virado 3 meses. E eu estava parado, tentando não ser insistente demais, mas sentindo o peso de estar sozinho em um projeto que agora tinha dono demais pra andar.
Até que decidi abrir o backend. O que eu vi me desanimou de vez: Tudo feito com cursor, sem padrão, sem lógica. Impossível de manter. Se eu quisesse continuar, teria que refazer tudo pela terceira vez.
Nesse ponto, ficou claro: A parceria acabou sem briga, mas também sem entrega.
📌 O que eu aprendi, da forma mais difícil:
Sócio não é funcionário. É uma decisão estratégica.
Às vezes, é mais barato e mais saudável pagar alguém para entregar do que dar uma fatia do seu negócio em troca de promessas.
Nem todo bom desenvolvedor é bom parceiro.
Um projeto com sócio ausente é como tentar remar com um buraco no barco.
E por fim: ninguém vai lutar pelo seu projeto com a mesma intensidade que você.
Hoje, estou de volta ao ponto zero. Ou talvez não. Porque agora eu tenho mais clareza. Mais casca. E mais convicção de que se for pra fazer, vai ser com quem constrói de verdade, ou então, sozinho mesmo.
Mais devagar, talvez. Mas pelo menos… indo.
Não sei se nesse mesmo projeto ainda pois desanimei total, mas talvez em outra ideia...
Você já passou por algo parecido? Como lidou com isso?
Meus 2 cents:
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Primeira startup - projeto andando, meu padrinho de casamento como parceiro de negocios - eu focando no tecnico e ele no comercial. Alguns clientes, algumas atividades. Mas comecei a notar que os valores que os clientes fechavam/pagavam nao estava compensando as atividades (pagar a infra + impostos + m.o. + despesas + etc). Fui atras investigar, e supresa ! Os clientes fechavam por X, ele registrava x/2 (as vezes ate menos, p.ex. x/3 ou x/4) e embolsava direto a diferenca. Com a minha parte (o que ele entregava) tinha de pagar todas as despesas (e teoricamente ainda pagar o prolabore de nos 2) - nunca que ia fechar a conta. Confrontei, nao foi bonito - cada um seguiu seu caminho, faz mais de 20 anos que nao falo com o FDP.
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Segunda startup - empresa funcionando, um ex-aluno (apos o tombo acima fui dar aula uns anos para reestabilizar o patrimonio) me chama para fazer parceria. Novamente, eu no tecnico e ele no comercial. Em determinado momento descubro o mesmo modus operandi: durante a pandemia (todo mundo ferrado), clientes pedem desconto (alguns de 90%) para continuar com contrato. Aceitamos. Passa o tempo, a pandemia termina, mas os contratos continuam com os valores com desconto. Investigo. Descubro que muitos contratos ja tinham voltado para o valor normal, mas o repasse continuava com os descontos. Confrontei, nao foi bonito - cada um seguiu seu caminho (acho que ja escrevi isto). Faz 3 ou 4 anos que nao falo com o FDP.
Enfim - socio eh foda: eh um mal necessario, tocar sozinho eh complicado.
Mas precisa de um bom contrato para estabelecer nao apenas como tudo funciona quando esta tudo bem, mas especialmente para quando da merda.
No primeiro a perda financeira foi total (perdi diversos bens e imoveis) - ja no segundo deu para recuperar uma parte.
Tenho outras historias de terror com parcerias - mas estas duas ja devem bastar.
Conheci uma pessoa por uns 2 anos. Ele é um bom desenvolvedor e a gente se dava bem. Tenho (e sempre tive) várias ideias — compartilhei algumas com ele, começamos a discutir, criamos um board, pensamos em todo o negócio e definimos quem faria o quê e como lançaríamos.
Nunca passou do board kkkkkk Resultado: às vezes, só você está animado com aquilo.
A amizade até acabou.
Meus 2 cents:
NUNCA FAÇA PARCERIA COM AMIGOS/FAMILIARES, VOCÊ VAI SE FERRAR.
E por fim: ninguém vai lutar pelo seu projeto com a mesma intensidade que você.
Fechou com chave de ouro. Eu estou criando uma plataforma do zero e sozinho que atende um nicho muito específico, e decidi não colocar amigo ou conhecido no projeto.
Vai levar mais tempo para o MVP? Vai. Pode ser que não dê certo? Pode.
Mas não estou preocupado. Pelo menos, se houver um tombo, será mais leve, e a única coisa que vou perder é o meu próprio tempo.