🧠 Memória - (Esforço Ativo) vs Auxílio de IA - Impacto da inteligência artificial no aprendizado.

Este é um mini-artigo "resumo" sobre um estudo que fiz sobre memória, e gostaria de fazer uma analogia de como o uso de inteligência artificial vai impactar nosso aprendizado.

cérebro-humano

Primeiramente, gostaria de lembrar que os estudos científicos estão disponíveis abaixo, e recomendar a leitura do livro "Memória, de iván izquierdo", caso queiram se aprofundar.

Tema.

Acredito que o tema de aprendizado, técnicas de estudos e o impacto do uso da inteligência artificial no aprendizado sejam tópicos de interesse para alguns programadores, por isso trago os seguintes dados e uma analogia sobre o efeito da IA no nosso estudo, tanto como co-piloto, como assistentes em geral.

"Curva de esquecimento de Hermann Ebbinghaus".

Talvez já tenha ouvido falar de um antigo estudo chamado "Curva de esquecimento de Hermann Ebbinghaus", que gerou um gráfico que mostrou uma curva de esquecimento natural a partir do dia em que o indivíduo estuda um determinado assunto, mostrando que há uma curva de esquecimento natural e a importância da revisão espaçada para a absorção de fato de um conteúdo. Esse estudo nos mostra uma coisa que já é de nosso conhecimento, que o nosso cérebro é passível de esquecimento e isso é algo natural.

curva-de-esquecimento

Porém, o estudo está bastante limitado pela razão do psicólogo ter feito o estudo apenas com ele mesmo, talvez por razão das limitações da época, meados de 1880.

Mas um novo estudo foi feito em 2015 chamado "Replication and Analysis of Ebbinghaus' Forgetting Curve", estudou esse feito usando métodos mais modernos afim de comprovar a eficácia do estudo anterior, que por fim acabou comprovando a teoría.

"A prática de recuperação produz mais aprendizado do que o estudo elaborativo com mapeamento de conceitos."

Um outro estudo foi feito com um método diferente, onde dividiam os candidatos em grupos específicos, veja o gráfico do estudo a seguir;

grafico-estudo

É possível observar que um grupo só estudava, outro estudava e repetia o estudo depois de um tempo, outro grupo fazia um mapa mental do estudo, e por último um grupo que aplicava a técnica de recuperação ativa (tentar lembrar).

Resultado:

No estudo em questão, podemos observar que os gráficos apontam que quem repetia o estudo, já estava na frente de quem estudava só uma vez, quem aplicava o mapa mental também obteve vantagem aos que só estudavam apenas uma vez, mas quem aplicou o método de recuperação ativa (tentar lembrar da informação, seja aplicando ou só tentando lembrar sem "pescar"), obtiveram melhores resultados de forma em relação aos outros métodos.

Observação:

Outra coisa interessante que pode ser observado, é que quando os grupos foram questionados sobre o quanto eles acharam que aprenderam e absorveram o conteúdo com o método de estudo usado por eles, o gráfico mostra que os três primeiros grupos se sentiram mais confiante, e o grupo que teve o maior desempenho de fato no teste, não se sentiu tão confiante assim.

Interessante né? entre nós programadores, estudamos e estudamos e as vezes nos sentimos estagnados, mas não se engane, esse processo de tentar recuperar as informações anteriormente aprendidas, faz parte do aprendizado, embora não possamos perceber tão facilmente

Impacto da IA no aprendizado.

Muitas pessoas ficam em dúvida sobre o impacto que a inteligência artificial pode ter sobre o aprendizado, então vou dar minha opinião de acordo com os meus conhecimentos sobre neurociência e esses estudos em si.

Meu ponto de vista.

Devemos usar a IA?

Acho válido sim o uso de inteligência artificial para o nosso estudo, é uma ótima ferramenta para buscar informações, comparar e apontar erros superficiais e de lógica, entre outras coisas. Mas, é de extrema importância que não deixemos de praticar o reforço ativo, tentar lembrar das informações, forçar nosso cérebro a buscar pelas soluções, ainda mais tendo observado que quanto mais passivo é o nosso estudo, menos nós vamos reter, e na medida em que terceirizarmos essas tarefas para as IA, elas ficarão com o tempo mais "inteligentes", e nós ficaremos para trás.

Seremos substituidos?

Há muito medo por parte das pessoas de serem substituidas por inteligências artificiais, é normal temer o desconhecido e até nós programadores caímos nas falácias e nos mitos criados em torno disso. A ferramenta é incrível, mas para mim ela não chega ainda a ser uma inteligência artificial que possa ser comparado com o cérebro humano, embora faça mais rapidamente trabalhos mais manuais e simples, o que podemos usar ao nosso favor, economizando nosso tempo com coisas superficiais que já é de nosso conhecimento mas tomam nosso tempo.

Não se subestime!

Como estudante de neurociência e filosofia por hobbie, posso dizer que essa massa cinzenta dentro de nossas cabeças é uma "máquina biológica" incrível que faz muito mais do que você imagina, tem uma circuitaria incrível, foi muito bem projetada e é extremamente adaptativa. E por mais que a máquina consiga fazer cálculos e tratar dados em uma velocidade incrível e muito maior que nosso cérebro, podemos fazer coisas muito mais facinantes e inteligentes de fato, você não faz ideia do quanto é complexo um simples movimento de abrir uma garrafa e beber uma água, da quantidade de informações sensoriais, cognitivas, motoras e memória estão envolvidos nesse mínimo movimento, além da nossa imaginação, percepção de tempo, capacidade de análise e muitas outras coisas que ainda não temos nem previsão das máquinas conseguirem simular.

Aliás, se ainda está com medo do que as tecnologias atuais são capazes, estude sobre elas, estude o suficiente para entender como funciona e verá que são menos do que estão pregando por aí. Estude, pois o medo muitas vezes é fruto da falta de conhecimento.

Treine seu cérebro!

Como um músculo, se não for treinado e forçado de fato, você nunca alcançará um potencial melhor, não iremos ter proveito de tudo que nosso cérebro tem a oferecer em nível de performance. Imagina você ir a academia e um braço mecânico acoplado ao seu fazendo um esforço por você, seu músculo jamais irá crescer! da mesma forma funciona nosso cérebro, a literatura e os estudos mostram a eficácia de forçarmos nosso cérebro, forçar lembrar das informações, forçar criar conexões, nosso cérebro quando estamos em repouso está criando e testando novas possibilidades com as informações até então obtidas, é algo facinante, mas você teima em permitir que alguns influenciadores de redes sociais lhe convençam que não há nada que possa se fazer, em vez de estudar realmente, ler livros e estudos científicos, e de fato fazer o que é comprovadamente mais eficaz.

Conclusão.

Nosso corpo em si foi projetado para economizar energia, mas em contra partida, se exigido, tem um poder adaptativo capaz de nos transformar e nos permitir melhorar muitas vezes nossas capacidades. Nosso cérebro não é diferente, certas regiões vão preferir que você fique em casa jogando vídeo game deitado no sofa, assistindo os vídeos das redes sociais sem gastar energia, mas em particular o cortex pré-frontal nos permite lutar contra isso, mas para que isso ocorra, precisamos observar os benefícios de determinados comportamentos, não é a força de vontade que fará você se mover, é a motivação de querer ser alguém melhor, de querer ser reconhecido pelo seu esforço e estudo, de querer dar uma vida melhor para sua familia, de querer ser alguém diferente da multidão, um filho melhor para sua mãe, não importa, a motivação por meio da concientização do que você deseja se tornar, é o que vai te fazer se mover.

Se gostou, leia meu artigo sobre combater a procrastinação preservando sua saúde mental: https://www.tabnews.com.br/saulocatunda/procrastinacao-cronica-como-lutar-contra-isso-segundo-a-neurociencia

Veja também meu mini-artigo sobre a rede de modo padrão e como isso está ligada a sua criatividade e resolução de problemas. https://www.tabnews.com.br/saulocatunda/rede-de-modo-padrao-a-chave-para-a-resolucao-de-problemas-e-criatividade

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Fonte: https://www.researchgate.net/publication/281824405_Replication_and_Analysis_of_Ebbinghaus%27_Forgetting_Curve

Fonte: https://www.science.org/doi/10.1126/science.1199327