Web 3.0 - A web do futuro chegou - Parte 1

Se você prestar atenção a conversas perto de qualquer polo tecnológico do mundo hoje em dia vai ouvir as pessoas falando sobre a Web 3.0. Atrelado a isso vai ouvir termos como "Descentralizado", "Metaverso", "Bitcoin", "Cripto" e por ai vai, mas afinal, o que é Web 3.0 e o que esses termos tem haver com isso? E o mais importante, devo me importar? Ou até, me preocupar?

Neste artigo vou tentar te dar uma base para entender o que está acontecendo mas primeiro temos de entender o que é essa tal de Web 3.0 e como chegamos até aqui pois provavelmente você nem percebeu que existiu a Web 1.0 e a Web 2.0, certo?

Um pouco de história.

Web 1.0

A primeira geração da internet, hoje conhecida como Web 1.0 (1990-2005), foi construída em cima de protocolos abertos que determinaram conceitos como o endereço das máquinas (IP), a lógica usada para o transporte da informação (TCP), a lógica para solicitações de retorno (HTTP) etc. Tais protocolos permitiram que os computadores dos usuários se conectassem diretamente aos computadores de quem publicava conteúdo.

Para consumir conteúdo, a experiência era simples: bastava inserir o endereço do site desejado no navegador para que as páginas fossem carregadas. Isso permitiu que a internet, mesmo em sua forma mais primitiva, expandisse rapidamente para centenas de milhões de usuários.

Já para publicar conteúdo, era necessário lidar com a complexidade de criar um site e resolver questões como hospedagem e domínios, o que limitava quem conseguia publicar, nessa época somente especialistas conseguiam publicar conteúdo na internet. Além disso, as páginas eram estáticas, permitindo pouca interação e personalização do conteúdo. Por isso, a maioria dos usuários na Web 1.0 era apenas consumidora de conteúdo, ou seja a web era um grande Jornal ou Revista eletrônica para consumir informação.

Web 2.0

Diante do aumento exponencial da relevância da internet, empreendedores identificaram grandes oportunidades para criar negócios facilitando e incrementando as funcionalidades disponíveis na época. Esses negócios levaram à segunda geração, Web 2.0 (c. 2005-atualmente), cujas marcas são as plataformas e a interatividade entre usuários.

As plataformas se inseriram como intermediários da internet. Ao invés de criadores de conteúdo terem que lidar com a complexidade de administrar uma página, as plataformas introduziram interfaces simples e intuitivas para que qualquer usuário pudesse publicar em seus servidores, nos mais variados formatos, e que outros usuários pudessem descobrir, acessar e interagir com o conteúdo num mesmo lugar.

A trabalhosa criação e hospedagem de sites de forma independente foi majoritariamente substituída pela criação de páginas personalizadas em plataformas, como perfis no Facebook, canais no YouTube ou sites no WordPress. E com uma redução notável no atrito de publicação, somada a um aumento imediato no alcance, o volume de conteúdo online decolou.

Assim, na Web 2.0 os usuários se tornaram também amplamente criadores de conteúdo e não somente consumidores dele.

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Para além do maior volume de conteúdo, a introdução do intermediário possibilitou novos tipos de interação entre participantes. O exemplo mais popular são as redes sociais, mas também podemos citar marketplaces de produtos ou de serviços, como e-commerces com produtos de terceiros (Ebay) ou serviços de agendamento de hotéis (Booking) e transportes (Uber). Em comum, essas plataformas armazenam informações sobre oferta e demanda de forma central e eficiente, e processam a melhor combinação para os participantes em tempo real.

O Problema

A Web 2.0 trouxe um problema que é a centralização, com o surgimento de empresas gigantescas também chamadas de BIG TECHS tivemos a grande centralização de dados que inclusive são por elas comercializados para manter toda a infraestrutura ligada, aqui se voce não está pagando para utilizar o serviço, os seus dados estão pagando. Ao adicionar muitas propagandas nos serviços para fechar a conta as BIG TECHS muitas vezes invadem a privacidade dos usuários para "entregar" a melhor propaganda para cada um.

Um outro problema é que quando a ideia da Web surgiu, ter gigantes tecnológicas centralizando serviços, dados de usuários não era nem de longe o objetivo, muito pelo contrário, a ideia era navegar livremente de maneira descentralizada. Mas como fazer isso acontecer?

WEB 3.0

É aqui que surge a Web 3.0 construída através dos tijolos da Blockchain. Ela voltaria às raízes descentralizadas da primeira geração, marcada pela abertura dos protocolos, enquanto carregaria com ela as funcionalidades da segunda geração, até então apenas possíveis por meio das plataformas centralizadas. Na Web3, os dados, posses e contribuições dos usuários não estão mais restritos às plataformas de origem, mas abertos na internet via redes públicas seguras e globais. Dessa forma, os efeitos de rede são compartilhados e os participantes não ficam presos a entidades específicas.

Vamos abordar alguns de seus principais diferenciais na prática.

1: Dinheiro da Internet

O dinheiro hoje é razoavelmente digital – lidamos com ele via aplicativos de bancos e podemos pagar por produtos e serviços usando cartões de crédito ou débito. Mas do ponto de vista estrutural, esse dinheiro ainda é um registro privado dentro do banco de cada usuário.

O dinheiro portanto não está na internet, mas em silos digitais que dependem de confiança tanto na custódia quanto para transações (facilitadas pelas redes bancárias e de cartões).

Com redes de blockchain, alternativas ao sistema tradicional de pagamentos já estão implementadas, com algumas vantagens importantes: i) as redes são nativamente globais, rompendo com o conceito de taxas entre fronteiras; ii) a cara cadeia de intermediários de confiança pode ser substituída por essas redes, reduzindo as taxas para próximo do custo operacional no longo prazo; e iii) os sistemas são abertos e programáveis – qualquer pessoa ou empresa pode se conectar à rede para enviar e receber pagamentos, manualmente ou via código, sem a necessidade de aprovação prévia ou integração formal, e sem o risco de terem pagamentos interceptados ou bloqueados.

Na prática, na Web3 os participantes podem receber pagamentos globais instantâneos de qualquer outro participante apenas comunicando o endereço de sua conta na rede. Os criadores de conteúdo ou de experiências podem implementar botões em suas páginas que com apenas um clique do usuário realizam uma cobrança de qualquer valor, por menor que seja. E os usuários precisam apenas associar uma carteira digital aos seus navegadores ou celulares para participarem desse sistema. A promessa, num estágio maduro da tecnologia, é que eliminem taxas de transação e atrito de cadastro, tornando microtransações digitais algo trivial.

2. Propriedade Digital

Antes das blockchains, qualquer registro digital local podia ser copiado (Ctrl+C, Ctrl+V), e qualquer registro digital externo estava sob controle de alguma autoridade – que poderia interferir nos dados, duplicando, deletando, alterando etc. Com blockchains, foi possível criar registros digitais públicos e confiáveis de quem detém o quê na internet.

Pela primeira vez, foi possível que o mundo concordasse a respeito de uma propriedade digital sem precisar confiar em nenhum intermediário. Isso é crucial – chineses, russos e americanos podem não confiar plenamente em créditos em algum banco centralizado da outra parte, mas sabem matematicamente (por segurança de criptografia) que se receberem um ativo digital qualquer numa blockchain robusta, essa liquidação é firme e definitiva.

Com a capacidade de personalizar bancos de dados próprios em redes como o Ethereum, novos ativos digitais começaram a surgir para além da moeda nativa da rede. Esses ativos, denominados tokens, seguem as mesmas regras de transparência e perenidade que qualquer programa na rede. Por exemplo, se um token for criado com previsão explícita para apenas 100 unidades, todos os participantes têm a certeza de que nunca haverá uma centésima primeira. Cada detentor de tokens tem a certeza de que ninguém mais consegue reivindicar a propriedade daquele ativo específico – só ele, com sua assinatura digital única, consegue comprovar sua propriedade ou transferir o ativo livremente para quem quiser. Todos, por outro lado, conseguem verificar que ele é o dono legítimo do ativo.

Evidentemente, tokens precisam estar atrelados a alguma coisa para terem valor de fato. Essa relação pode ser baseada puramente na confiança de que um compromisso será cumprido – por exemplo, tokens da NBA que dessem acesso a eventos exclusivos com jogadores – ou pode estar garantida em código – por exemplo, um programa na rede que cobra uma taxa por seus serviços e reverte essa receita programaticamente para os detentores de um determinado token. Por meio dos tokens, a Web3 permite que os usuários criem, detenham e transfiram ativos digitais escassos que representam a propriedade ou o direito a algo arbitrário no mundo digital ou físico. Esses ativos ficam públicos na rede, são seguros, previsíveis e facilmente auditáveis, e qualquer um pode incorporá-los a um processo qualquer, em qualquer momento no tempo.

Continua na segunda parte em Web 3.0 - A web do futuro chegou - Parte 2