Como ter foco numa época com tantas distrações?
O problema.
O que temos de mais valioso hoje em dia não parece nada com bitcoin, ouro, dólar ou bacon. A coisa mais valiosa que temos hoje chama-se “Atenção”. Para as empresas que usam seus dados como fonte de renda principal, ter sua atenção é o melhor investimento possível.
A média do Brasileiro em frente às telas é de quatro a cinco horas por dia. Uma das maiores do mundo. É importante apontar esse dado porque quanto mais tempo você passa em frente às telas, mais os anunciantes vão vir pra literalmente comprar 30 segundinhos do seu tempo de vida pra te vender um produto que talvez você nem precise de verdade. E é nesse modelo que as Big Techs constroem verdadeiras montanhas de dinheiro. Para entender mais esse ponto vou recomendar dois documentários: "Privacidade hackeada" e "Dilema das redes".
Se você já assistiu esses documentários, sabe que é um viciado. E calma, não precisa ficar com vergonha, de certa forma essa indústria da atenção já conseguiu não só te viciar, mas viciar seus tios, parentes, amigos e filhos. Não tem mais jeito, qualquer coisa que você acessar hoje em dia foi projetada pra te fazer ficar olhando pra tela. Tudo milimetricamente calculado.
Talvez tudo isso tenha cara de teoria da conspiração. Mas não, eu te garanto que nesse jogo é usada a mais pura ciência. Essa indústria trabalha com uma das coisas mais primitivas do nosso cérebro, a dopamina. Agente responsável pelo reforço positivo que você faz você comprar um X-tudo quando chega cansado do trabalho e deitar pra ver tiktok ao invés de ir pra academia, por exemplo. Esse agente é usado para reforçar positivamente uma tarefa que com a repetição e recompensa venha fazer com que seja gerado um hábito.
Mas vamos lá, antes de continuar, quero me apresentar. Me chamo Neto. Não sou neurocientista, psicólogo ou guru da internet, sou garoto de programa. Mas não desse tipo que você está pensando, afinal, nem sei mexer no computador direito (kkkkkkkkkkkkk). Brincadeiras à parte, sou programador há dois anos e entusiasta da neurociência dos hábitos e comportamento humano e agora vamos entrar em uma jornada na minha análise de como podemos sair dessa corrida pela minha e pela sua atenção.
Como assim, viciado? Eu?!
A neurociência explica. Pra quem não sabe a neurociência é a ciência que estuda nosso sistema nervoso central e suas complexidades. Mas por que entender isso é importante para o desenvolvimento desse texto? A neurociência desempenha um papel importante quando queremos entender coisas como sistema de recompensa, hábitos e neuroplasticidade do cérebro. E agora vamos entender um pouco mais sobre isso. O sistema de recompensa do nosso cérebro foi projetado para reforçar funções de sobrevivência e propagação da espécie. Quando você sente fome e come algo que te deixa satisfeito, é liberado no seu cérebro algo chamado dopamina, que é a sensação de prazer que sentimos sempre que terminamos uma refeição, por exemplo. Esse mesmo sistema de recompensa pode servir para aquisição de novos hábitos (tanto bons quanto maus hábitos) e vícios.
Assim como quando encostamos um fio positivo no negativo e é gerado uma faísca, nossos neurônios possuem um atributo que faz algo parecido. Em atividades que sentimos prazer, o neurotransmissor dopamina passa de um neurônio pro outro. Essa informação é passada fazendo com que a sensação de prazer seja liberada e aquilo seja assimilado como algo bom. E é justamente isso que as redes sociais usam para vender seu sistema de recompensa e tempo de vida para os anunciantes.
E eu duvido muito que se chegar uma notificação no seu celular agora, você não pegue para ver se é algo importante. E não duvido que talvez, isso já tenha acontecido algumas vezes durante essa leitura. Essas notificações nada mais são que estratégias para fazer você voltar para rede social.
Tudo começa com você indo verificar quem comentou na sua foto ou quem mandou uma mensagem, e aí em seguida é recomendado um storie do seu cantor favorito, depois vem uma foto da influencer que você gosta, depois um vídeo engraçado que te fez ficar rolando vários vídeos curtos e engraçados, e quando você percebeu já faz uma hora e meia que está usando a rede social.
Isso se dá porque os algoritmos sabem muito bem quais seus gostos, então eles te recomendam coisas que muito provavelmente vão ativar a dopamina no seu cérebro e fazer você se sentir confortável. Por isso, chegar da faculdade, colégio ou trabalho e se sentar no sofá para ver vídeos é tão bom e você perde horas tranquilamente.
E agora que você sabe tudo isso sobre sistema de recompensa, redes sociais, sabe o motivo pelo qual você, seus tios, parentes e filhos são viciados.
Trabalhando no problema.
Quando algum erro acontece com meus códigos eu gosto de fazer exatamente o que estamos fazendo nesse texto, entendo o problema e o que está causando ele, antes de pensar em como resolvê-lo para que isso ocorra de forma eficiente. E essa jornada começa agora. Eu vou te apresentar algumas maneiras de como você pode se desvincular dessa corrida pela sua atenção usando as mesmas armas, só que a seu favor.
Os hábitos.
Entender como eles funcionam é essencial para que possamos lidar com tudo isso. E por isso vou dar uma breve explicação de como nossa mente adquire hábitos baseado no livro “o poder do hábito”.
Como já citado antes, nosso cérebro usa o sistema de recompensas para adquirir hábitos. Para esses eventos acontecerem, é necessário que haja gatilhos que te fazem tomar uma ação, e logo em seguida uma recompensa é liberada. Esse ciclo de gatilho, ação e recompensa é o responsável pela criação dos hábitos na nossa vida, desde a época que nossa espécie apenas batia e pintavam nas pedras. Mas como somos humanos evoluídos e inteligentes, vamos pegar essas informações sobre hábitos e hackear a nossa mente para que possamos usar esse sistema incrível a nosso favor.
Gatilhos: O gatilho é tudo aquilo que te faz partir para ação. Se você é viciado em redes sociais, o hábito tem participação nisso. E existem vários gatilhos que te fazem voltar para as redes sociais, como as notificações, por exemplo.
Ação: Isso se auto explica, a ação é o que você faz depois do gatilho.
Recompensa: É o reforço positivo quem vem com os likes e comentários e vídeos legais que você assiste.
Esses três elementos são os responsáveis por você ter o hábito e de sentir a necessidade de pegar o telefone para verificar se tem notificações ou se alguém te mandou uma mensagem e as vezes ficar rolando feed sem motivo algum. Só que agora vamos pegar isso e usar para ter o controle das suas redes sociais e não o contrário, para obtenção de foco numa época de tantas distrações.
Matando maus hábitos.
Os maus hábitos morrem quando atacamos o gatilho. Escolha um mau hábito que você tenha, depois identifique “o” ou “os gatilhos” que fazem você partir para ação. Com isso em mãos, você tem que pensar numa maneira de inibir os gatilhos.
Se você alimenta o hábito/vício que te faz procrastinar, como usar as redes sociais, você pode inibir isso desativando as notificações, deslogando das suas contas e apagando as senhas salvas. Só de fazer isso você com certeza vai voltar para tentar usar as redes sociais durante uma sessão de estudos, mas logo vai se lembrar que não deveria estar fazendo isso. Pronto, seu gatilho está morto e com a repetição o mau hábito vai junto.
Essa técnica pode ser usada em qualquer área, basta achar os gatilhos, eliminá-los e repetir várias vezes até que tudo que te atrapalha, passe a ser algo secundário na sua vida e desenvolvimento pessoal.
Adquirindo bons hábitos.
Para obter bons hábitos você não vai acabar com os gatilhos, você vai criar novos gatilhos. Sim, isso mesmo. Vamos supor que você queira criar o hábito de beber 2 litros de água todos os dias, mas você esquece sempre. Então, você tem que criar um gatilho que te faça lembrar. Seja, despertadores, uma garrafa de água do lado da sua bancada de trabalho ou um copo colorido que chame sua atenção e te faça lembrar. Mas não é só isso. Você tem que ter uma recompensa para reforçar a ação. Você pode assistir um episódio da sua série favorita a cada 1 litro de água ingeridos… Sei lá! Inventa alguma coisa aí, você decide como será a recompensa. Repita esse exercício até que não tenha que se lembrar que aquilo é um hábito. E tenha sempre em mente que a construção de bons hábitos é como a construção de um muro, é de bloco em bloco que se faz. Então vá com calma e tente adquirir hábitos um de cada vez. Caso contrário, pode ser frustrante não conseguir fazer uma mudança repentina de vida, e aí você volta aqui para me xingar dizendo que não conseguiu e que eu sou louco.
E não veja essas sugestões como a bala de prata para seus problemas. Isso não é um manual de como montar um móvel que você vai colocar no canto da sala. Existem realidades diferentes para cada pessoa. Então, daqui em diante é com você. Te mostrei as ferramentas possíveis. Use esse material como referência para quando quiser se livrar de um hábito ruim ou adquirir um bom. Espero que tenha gostado desse grande cardápio. Agora escolha os ingredientes e monte seu próprio sanduíche. A ideia aqui é te mostrar que entendendo com o mecanismo das coisas funcionam, você sozinho pode chegar a resoluções de problemas e se livrar das amarras que você carrega no bolso.
E se você chegou até aqui, eu gostaria de agradecer por estar investindo seu tempo e sua atenção em um material que creio que de fato possa te ajudar, ao contrário daqueles vídeos curtos que quase sempre são esquecidos.
E se você conhece alguém que esteja contratando programadores júniors, olha que coincidência, eu sou um programador júnior que está precisando de um trampo. Fale comigo no instagram ou por e-mail;
É recrutador? Aqui está meu github pra você dar uma olhada
Olha, eu nunca tive esse problema.
Para eu ter foco em alguma coisa, deixava o ambiente caótico para que a única coisa padronizada e entendivel seja o que eu estava fazendo. Se eu estivesse estudando, colocava uma música, ligava TV, ligava o ventilador, aumentava o som, bagunçava meu quarto e simplesmente funcionava porque sim. Talvez eu seja meio problemático? Com certeza, mas não me importo
Mas muito bom seu artigo, amigo.