Obrigado por mais uma das suas pertinentes postagens.
Quero dizer para tomar cuidado com pesquisa, especialmente feita em um só local, ela sempre terá viés, em alguns casos grandes, e não temos como saber o tamanho.
Só pela minha percepção, de acordo com a experiência que tenho na área, e de como as pessoas funcionam, eu diria que uma pesquisa absolutamente opcional é respondida por pessoas mais comprometidas. Alguns casos até quem viu que tem uma pesquisa. Minha experiência extensiva no SO e que faço muita observação (tenho alguns experimentos empíricos), é que boa parte dos frequentadores não enxerga o que está escrito na tela (como essas pessoas programa eu não sei). Eu diria que a chance de uma pessoa que optou por aprender informalmente não responder a pesquisa é altíssima, e os outros quase se inverte. Portanto o dado visto ali é só sobre quem responder, não sobre como é o mercado.
Eu diria que ocorre o oposto, e 90% pelo menos, não possui curso formal. Nem tem como todo esse povo ter curso formal, é muita gente.
Quero dizer que o conceito de autodidatismo não é bem o que as pessoas acham. Aprender informalmente ou na intuição, não é o mesmo de ser autodidata.
Ser autodidata é saber se virar, é achar suas fontes, estruturar seu aprendizado, saber selecionar o que focar, saber se avaliar, consertar os erros do aprendizado sem contar com ajuda. Precisa aprender com a mesma qualidade de um curso guiado (aliás, muito "curso" online não é curso, é tutorial, mesmo que seja vendido como curso) Ou seja, é extremamente difícil e poucas pessoas conseguem de fato fazer isso.
Então eu prefiro chamar apenas de aprendizado informal.
Há casos em que a pessoa pode conseguir algo melhor sozinho do que com ajuda. Isso não acontece tanto porque a maioria tem dificuldade. Eu mesmo consigo em algumas coisas, mas não em tudo, vocação faz diferença. Mas há casos em que a ajuda de uma pessoa teoricamente experiente pode ser o problema. Tem muito curso que não ajuda. Qualquer curso que não seja muito exigente já dá indício da qualidade.
Eu gosto de lembrar que vivemos cada vez mais em uma sociedade guiada por marketing. Vender é mais importante que a utilidade. Ensino fraco é um mal, não algo moderno e evoluído.
De fato, o trabalho duro é primordial. Mas claro que ele não substitui a evolução com qualidade. Não pode ir pra frente quando algo ficou para trás. Esse salto cobra um preço bem alto, e vai deixando a pessoa cada vez mais alienada e tendo cada vez mais dificuldade para evoluir corretamente.
E também é fato que todos precisam aprender por conta própria, pelo menos em algum momento, mesmo com ajuda de seus pares do trabalho ou na internet. Não precisa ser um curso formal, mas pode ser autodidata ou não.
Tentar ser autodidata sem ser de fato é um perigo enorme. E em geral as pessoas entram nisso porque é comum ela não saber o que não sabe. Eu cometi esse erro várias vezes. Hoje, com experiência, cometo menos e procuro ajuda.
Faz sentido?
Espero ter ajudado.
Farei algo que muitos pedem para aprender a programar corretamente, gratuitamente. Para saber quando, me segue nas suas plataformas preferidas. Quase não as uso, não terá infindas notificações (links aqui).
Gostei das suas observações. Nelas dois elementos se destacaram para mim:
- A diferença entre curso e tutorial;
- Não saber o que não sabe; Vou falar um pouco do meu contexto e do que penso sobre esses dois pontos. Comecei a aprender a programar em 2021 com um aplicativo do google, o Grasshopper. Iniciei por pura curiosidade. Sou graduado e exerço uma profissão que não é da área de tecnologia. Descobri na programação um hobby e uma ferramenta para automatizar e facilitar algumas tarefas. Até que tive a ideia de desenvolver um programa para atender uma necessidade profissional minha: no sistema de agendamento com funcionalidades personalizadas para o meu interesse. Percebi que o conhecimento que eu tinha não me permitia desenvolver o que eu queria. Descobri que não sabia nada sobre a estrutura de dados e que precisava entender ao menos o básico para seguir adiante. Comprei um livro e fui estudar estrutura de dados. O conhecimento sobre matrizes pilhas e filas se mostrou essencial para o desenvolvimento do meu projeto. Criei todo o programa em node.js puro, mas sem uma interface de usuário, apenas com classes seus métodos e funções. O código ficou uma bagunça tremenda e eu mesmo não conseguia entender o que estava escrito. Fui estudar sobre boas práticas e refatoração. Pronto, agora o código rodava da forma que eu esperava, mas faltava uma interface de usuário e eu queria salvar os dados da agenda em um arquivo no meu computador. Aprendi a programar uma interface de linha de comando a partir do módulo nativo do node... E assim tenho dado segmento aos meus estudos, identificando minhas limitações e procurando o conhecimento para superá-las. É aqui que passo para o assunto da diferença entre tutorial e curso. Um bom curso, e eu considero que encontrei um na Udemy, é aquele que te dá um panorama geral, para você ter uma noção das coisas que você não sabe, e ao mesmo tempo te ensina como buscar documentação e desenvolver autonomia para aprender por conta própria. Sobre fazer ou não uma graduação, eu tendo a pensar que, entre fazer uma graduação de qualidade questionável e seguir uma trajetória autodidata comprometida, a segunda opção é a melhor. E que o melhor dos mundos é fazer uma graduação de boa ou ótima qualidade e continuar na jornada autodidata. Para ser um profissional realmente bom em qualquer área que seja eu acho que nós devemos buscar o melhor dos mundos.
Sim, faz sentido. As pesquisas podem ter viés dependendo do método utilizado, da amostra escolhida e das perguntas feitas, o que pode limitar a generalização dos resultados obtidos. Além disso, as pessoas que optaram por responder às pesquisas podem não ser representativas do grupo em questão, como você mencionou.
As pesquisas foram feitas em dois locais: Stack Overflow e Código Fonte TV! Assim como você expressou sua opinião com base em sua experiência, afirmando que pelo menos 90% dos profissionais não possuem curso formal, também posso dizer que você não pode mensurar esses dados com tamanha precisão. Segundo o G1, 53 mil profissionais são formados por ano somente no Brasil (https://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2023/03/13/area-de-ti-deve-gerar-quase-420-mil-vagas-ate-2025-mas-faltam-profissionais.ghtml). No entanto, posso afirmar que, onde trabalho, a grande maioria, se não todos, têm alguma formação acadêmica.
Quanto ao conceito de autodidatismo, concordo que é importante diferenciar o aprendizado informal de ser autodidata. Ser autodidata requer um nível de autogerenciamento e habilidades de aprendizagem mais avançadas do que simplesmente aprender informalmente. E embora o aprendizado informal possa ser eficaz para algumas pessoas, nem todos têm as habilidades necessárias para serem autodidatas bem-sucedidos.
Na nossa área, ser autodidata é muito importante, por isso eu incluí esse pequeno trecho no final do texto (😄 Mas vamos falar a verdade: quem procura educação formal, principalmente na nossa área, precisa ser autodidata, pois a tecnologia muda constantemente!)
Por fim, concordo que a qualidade do ensino é importante e que muitos cursos online podem não ser realmente cursos, mas sim tutoriais. É importante avaliar cuidadosamente a qualidade do conteúdo e do instrutor antes de investir tempo e dinheiro em um curso. E como você disse, a busca pelo aprendizado por conta própria é importante, mas também é importante saber quando procurar ajuda. Nessa parte, um mentor é uma excelente opção.
Agradeço sinceramente pelo seu comentário. É debatendo ideias que evoluímos e enriquecemos a comunidade!