como essa diferença de tensão foi coletada como informação binária?
Não foi. Se não existia computador e nem qualquer outra necessidade de codificar informação em binário, a tensão era medida e interpretada seja lá como precisassem (alguém media "10 volts" e usava essa informação conforme a necessidade).
Hoje, no contexto dos computadores, alguns valores arbitrários são interpretados como bits. Definiram arbitrariamente que se o valor for baixo (entre X e Y volts), isso é "repassado" para o computador como "bit zero", e se o valor for alto (entre Z e W volts), como o "bit 1".
O que o programa que estiver rodando vai fazer com esses bits, aí é outra história...
Lembrando que isso é detalhe de implementação. Se alguém no futuro inventar outro meio de armazenar/processar zeros e uns, que não envolva volts, será igualmente válido (por exemplo, se usar o spin do elétron, ou gravar os bits em moléculas de DNA).
No fundo isso são abstrações: existe algo que pode estar em dois estados diferentes, então vc define um desses estados como zero e outro como 1. Se a forma de chegar a esses estados pode ser controlada, vc sabe como gerar bits de maneira confiável.
Pegando o gancho com os bits de DNA e trazendo dois trabalhos que eu acho super interessantes de um influencer chamado Steve Mould:
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Ele fez um circuito lógico implementando um jogador de jogo da velha usando moléculas de DNA (pois é, isso já existe!)
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Ele também projetou um circuito somador usando água ao invés de tensão elétrica. No caso, somar 1 + 1 é como fazer uma soma de dois dígitos que dá mais de dez, e aí a gente precisa "carregar o um" pra próxima casa decimal - quando um recipiente com água recebe dois "ums", ele "carrega" a água pro recipiente que corresponde à próxima casa.
Ah! E pra saber como o pessoal media tensão elétrica no passado, dá uma olhada num aparelho que chama galvanômetro. Ele foi o passo que veio logo depois do pessoal entender que a agulha de uma bússola responde a campos eletromagnéticos.
Bom sono!