Fundamentos > Stack: o que diferencia quem resolve problemas de quem só escreve código

Já tem um tempo que, antes de pensar em qual stack usar, eu paro pra fazer outra pergunta:

👉 Qual é o problema real que eu quero resolver? 👉 Qual o tamanho da equipe que vai tocar isso? 👉 Precisa escalar pra milhões? Ou precisa só funcionar rápido e barato? 👉 Qual o grau de manutenção futura? 👉 Que restrições técnicas e de negócios eu tenho?

Só depois disso eu começo a pensar em stack, linguagem, banco, etc. E mesmo assim, não importa se eu sou "senior" naquela stack ou não.

Porque no final, não é sobre a linguagem. É sobre os fundamentos.

Mas calma. Isso não quer dizer que especialização morreu.#

Tem gente que vai longe com uma stack só. Que manja até os buracos da linguagem, conhece cada lib por dentro, já viu todos os edge cases possíveis.

Esse tipo de conhecimento é valiosíssimo e resolve muitos problemas que IA nenhuma vai resolver tão cedo.

Não é sobre desmerecer quem é foda numa stack. É sobre reconhecer que, no mundo atual, isso por si só não basta.

Porque a IA tá virando o jogo.

Hoje, se você souber expressar bem o que quer, ela consegue te entregar muita coisa boa.

E não é exagero: com um pouco de clareza, você consegue usar diferentes modelos de IA pra atacar um problema por vários ângulos. A questão já não é mais "qual linguagem eu sei", mas sim "como eu divido esse problema em partes que eu posso resolver com a ajuda certa?"

Por exemplo:

🔍 Quer entender uma codebase enorme com dezenas de arquivos e módulos interdependentes? Use modelos com contexto expandido (como Gemini) pra analisar a estrutura de pastas, dependências, entidades e relações. Você pode resumir responsabilidades, identificar padrões ou até descobrir onde tá a bagunça que ninguém quer mexer.

🧠 Quer refatorar uma parte específica do código seguindo boas práticas, ou migrar de arquitetura? Use um modelo mais focado, com exemplos de referência e comandos claros. Diga o que você quer mudar e por quê. Um bom prompt aqui pode te poupar horas de tentativa e erro — mas você precisa saber o que quer da arquitetura.

🛠️ Quer gerar testes, mocks, seeders, schemas, migrations, documentação? Isso tudo pode ser feito com modelos menores, de forma paralela, automatizada. Você vira o arquiteto, a IA vira seu exército de programadores júnior, prontos pra seguir instruções claras.

📊 Quer tomar decisões técnicas, como "usar fila ou cron?", "Mongo ou Postgres?", "monolito ou microsserviços?" Combine o uso da IA com seus conhecimentos de tradeoffs, e peça análises comparativas com prós e contras baseados no cenário atual. A IA pode ajudar na análise de impacto, mas só você entende o contexto real do negócio.

🔄 Quer automatizar partes do seu fluxo de dev? Hoje você pode integrar IA direto no seu terminal, seu editor ou CI/CD. Dá pra criar bots que revisam pull requests, sugerem melhorias, ou até fazem deploy controlado com validação de segurança. De novo: você precisa saber o que vale automatizar e o que não vale.

O ponto é: a IA virou um sistema operacional de ideias e ações.

Ela não pensa no seu lugar — ela amplifica sua clareza.

Se você não tem clareza técnica, se você não sabe o que é importante num sistema, o que tem acoplamento alto, o que é uma dependência de infraestrutura ou onde mora a lógica de negócio... você não vai usar IA bem.

Vai gerar código bonitinho, que compila, que parece certo... mas que não resolve o problema real.

Ou pior: cria mais problemas do que resolve.

Agora… se você tem bons fundamentos — cara, você vira um maestro.

Você orquestra diferentes ferramentas, diferentes IAs, diferentes estratégias, como se tivesse uma equipe de 10 pessoas trabalhando pra você.

Esse é o novo jogo.

Não é sobre saber tudo.

É sobre saber o que pedir, pra quem pedir, e o que fazer com o que você recebe. Se você dominar isso… você não tá só acompanhando o futuro. Você tá liderando ele.

🚨 Isso aqui não é verdade absoluta, é só minha visão.

Não tô aqui pra dizer que "ah, agora qualquer um pode fazer tudo em qualquer stack" — não é isso. Tem gente que é braba em determinada stack e isso segue sendo valioso demais. Mas o que eu tô dizendo é que eu sinto que o jogo tá mudando — e tá mudando rápido.

Não tirei nada disso da bunda. Tô falando com base na minha rotina mesmo, nos experimentos que venho fazendo com diferentes arquiteturas, linguagens e modelos. E quanto mais eu estudo, mais eu vejo o mesmo padrão se repetindo: quem entende o "por quê" por trás das coisas tá voando.

E olha, isso não é só na programação não. Mas em diversas áreas da vida...

Então, se você discorda ou vê de outro jeito, quero muito ouvir sua visão.

Esse papo é novo pra todo mundo.

Obrigado por ter lido até aqui! ;)