Eu pagaria pra ver!

Atuo no Direito há muito tempo e já vi centenas (ou milhares) de decisões. A grande maioria é resultado de uma construção lógica do processo - análise das provas e frases colocadas pelos juízes nas "decisões que não decidem" (do tipo 'intime-se o MP'). E isso é bom, porque você consegue montar o quebra-cabeça que aponta a condução do processo para uma certa decisão. Em outras palavras, não há surpresa na sentença.

Porém, uma pequena parte destas decisões são carregadas de emoção e utilizam um princípio muito importante que é constitucionalmente protegido no nosso país: A proporcionalidade.

O que é o princípio da proporcionalidade?

Em resumo, é quando dois direitos se confrontam, e o juiz da causa precisa decidir por um deles. Gosto de usar de exemplo o clássico direito de legítima defesa. Você pode matar alguém, se alguém estiver na iminência de te matar (isso demonstra uma outra questão fundamental da nossa lei: Nenhum direito é absoluto).

A proporcionalidade é, então, você colocar duas forças disputando um espaço onde só uma poderá sobreviver. Por isso você dá 'vitória' para a que você achar que tem 0,000001% a mais de força que a outra.

Dito tudo isso, reafirmo o que disse no início: Literalmente pagaria para ver uma decisão de uma IA no lugar de um juiz.

Imagino que nesse caso, a IA utilizaria matemática/estatística para me dizer qual direito deveria prevalecer em cada caso, levando em consideração não apenas o contexto do caso, mas também de uma sociedade como um todo. E isso é um argumento largamente utilizado por aqueles que entendem a sociedade de uma forma, quando na verdade a maioria pensa diferente. E vivemos numa democracia!