Para quem comete crimes na internet, o Discord é só o ponto de partida. Quem está envolvido em atividades mais sérias normalmente recorre a outras ferramentas de comunicação — menos visadas, mais discretas. O Discord acaba sendo o espaço dos que querem posar de malandrão, mas não têm real preocupação com anonimato. Quem quer passar despercebido de verdade, muitas vezes usa até servidores antigos de jogos online para conversar com cúmplices. Não é exagero dizer que, em certos casos, é mais seguro trocar mensagens dentro de um servidor de Minecraft do que em canais do Discord.
O que vemos hoje é o Discord como a “bola da vez”, assim como já foram o WhatsApp e o Telegram. Mas isso é só um sintoma de algo maior. A tecnologia, ao mesmo tempo em que permite o monitoramento total da nossa vida — especialmente por governos e corporações — também oferece as ferramentas para o completo anonimato. Ela nos permite viver com uma persona no mundo físico e outra completamente diferente no digital. E é nesse paradoxo que mora a complexidade dos tempos atuais.
Quanto mais pessoas usarem a internet desse jeito menos o Governo vai saber das intenções das pessoas. Um servidor com 1000 cabeças falando é um coisa, agora um servidor com 100mil pessoas é um sintoma de perca de controle do Governo. Pelos motivos corretos ou errados, o sistema sempre vai retaliar.