Vivemos em uma época marcada pela aceleração

** A sociedade exige de nós produtividade constante — sempre produzindo, sempre entregando. Mas essa exigência já ultrapassou o limite do saudável. Ao mesmo tempo, assistimos a um empobrecimento intelectual progressivo: crianças já não estão aprendendo a ler aos 5 ou 6 anos como antes. A cada semana, uma nova tecnologia surge exigindo adaptação imediata, enquanto no passado levávamos anos para nos adaptar a uma mudança.

A resposta para esse caos já foi dada por muitos: é preciso foco. Foco em um assunto, em uma área, em um nicho. O cérebro humano não é feito para dividir atenção de forma plena. Um exemplo claro: tente dirigir um carro enquanto usa o celular. Você realmente consegue manter atenção total tanto no trânsito quanto na tela? Inevitavelmente, um desses focos vai falhar. E quando falha, o risco é alto.

O grande paradoxo da atualidade é que os problemas que enfrentamos são, em boa parte, frutos das soluções que criamos. Apostamos no desenvolvimento tecnológico como ferramenta de progresso, mas isso veio acompanhado de uma cultura de consumo voraz. Consumimos para sobreviver, e trabalhamos para consumir. Isso adoece. As mídias modernas nos mantêm hipnotizados, moldados para desejar mais e mais, transformando-nos em escravos do prazer imediato — e, ao mesmo tempo, do trabalho incessante.

Buscamos lazer, mas fugimos do verdadeiro trabalho — não o trabalho como emprego ou função, mas o trabalho existencial de viver com consciência e presença no dia a dia. O tédio tornou-se nosso inimigo. Fugimos do silêncio, do ócio fértil, e nos perdemos no ócio viciado das telas, dos feeds infinitos, das distrações baratas.

O verdadeiro desafio hoje não é inovar, mas recuperar o essencial. Fazer o que sempre funcionou: agir com consistência, construir com paciência e focar no que importa. Fugir disso é desperdício de tempo e energia. É preciso ser honesto consigo mesmo e tomar decisões com base em planos reais e concretos. Menos ruído, mais propósito. Menos novidade, mais profundidade.**